segunda-feira, janeiro 15, 2007

A memória curta

Uma dia de dor, domingo, 14 de Janeiro de 2007, ao final da noite. Salazar está nos dez mais votados da lista dos Grandes Portugueses. Neste país a memória é tão curta como o horizonte. Ou então este remember Salazar é mais um sintoma - grave - de uma democracia enferma.

Uma noite na noite

Ele tem o cabelo comprido despenteado a tapar as sobrancelhas. A fama de beber desde os treze anos é sinal de proveito até hoje. Desde a mesma idade, o outro cultiva canabis em casa e a mãe durante um par de anos viu ali um filho precoce. O terceiro faz 22 anos - estão ali por causa disso - é mais velho do que os dois anteriores e acordou um pouco tarde para as coisas da vida. Aos três junta-se um rookie da noite. Sem idade para conduzir, com uma adolescência mais protegida pelos pais, vai há discoteca duas ou três vezes por ano e não vai há muito tempo.
Estão apresentados os ingredientes. Juntos vão cozinhar uma saída igual a muitas saídas. Um episódio da vida deles e por mais que tente evitar não consigo deixar de pensar que este dia, um dia já foi meu na década de 90.
Ficam três horas na discoteca. São conhecidos da casa e assim entram com cartão sem consumo obrigatório. O mais novo não bebe uma gota. Os outros bebem por ele, por mim e por ti. Ainda bebem como se não houvesse amanhã. Perto do bar, para não se perderem da rota que os levou ali, riem muito, saltam, vivem. E um sobrevive. Num dos encontrões em grupo caem dois cartões ao chão. É importante salientar o facto de os cartões de consumo serem tipo multibanco, em plástico e com banda magnética. À saída, o mais novo é último. Espera porque sabe que não bebeu, que não vai ter de pagar, que é só apresentar o cartão e receber o talão válido para passar a porta.
A conta é tudo menos em branco, é o dobro da mesada. São 120 euros. Ele fica e vai ter de explicar porque não tem dinheiro. Ainda diz "ai o filho da puta!", mas não diz mais nada enquanto começa a pensar numa forma de explicar ao pai, ao telefone, o porquê do telefonema aquela hora da noite, e pior: o porquê da conta. Os outros foram embora a pensar que ele ia ficar. Todos menos o do cabelo despenteado. Deixam-no à porta de casa, onde mais uma vez ele não vai dormir. Desce a pé até largo da igreja, deita-se no mesmo banco das outras manhãs todas, adormece outra vez a imaginar a melhor forma de roubar o sino e parece-lhe ver a cruz do amigo mais novo com os pais à porta da discoteca. Adormece com um sorriso.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Sobretudo no Inverno

O futebol tem tendência para ser um desporto demasiado Atlético.

sábado, janeiro 06, 2007

My Old Blogging

Pasmo. Um pasmar de arregalar os olhos. Os portugueses escrevem com nunca. Ao jeito de cada um e assemelhando-se, alguns. Escrevem muito, todos. Comunicar mais é falar menos. Isso assusta.

sábado, dezembro 23, 2006

2006 por escrito

Foi um ano de amor e ódio. Sem meios termos. Amor ou ódio.

2006 em Imagens

Portugal na Alemanha. Em Nuremberga

2006 em Imagens

António, a preço de saldo. Na entrada das piscinas de Gütersloh.

2006 em Imagens

4º foi pouco


sexta-feira, dezembro 22, 2006

Home post

Apenas e só para marcar a entrada da netcabo em casa. Ao fim de seis meses já não moro sozinho outra vez.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

VINTE E OITO

O número de penaltys marcados por Simão Sabrosa na Primeira Liga. Este frente ao Belenenses é um daqueles que foi mas que também podia não ter sido. Pelo inverso, e bem mais evidente, fica por marcar uma falta de Luisão sobre Gaspar na área do Benfica. São coisas.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

SÓ NÃO É INACREDITÁVEL PORQUE ACONTECE NO FUTEBOL PORTUGUÊS

Apresento dois casos. Demonstro dois pesos e duas medidas. Da mesma comissão disciplinar. Na Liga de Clubes.
Caso 1 - Nuno Gomes é expulso em Alvalade. Cartão vermelho por entrada violenta, por trás e sem bola sobre João Moutinho. Uma agressão punida com um jogo de castigo.
Caso 2 - João Pinto é expulso em Braga. Por simulação dentro da área do Boavista. Numa sequência de cartões amarelos. Castigo: suspensão por dois jogos.
Resumindo e concluindo: A comissão disciplinar da Liga anda a brincar ao futebol. Não pense é que goza com quem acompanha o fenómeno.
Adenda: Edson, do Paços de Ferreira, expulso no Dragão por entrada violenta sobre Pepe foi punido com um jogo de suspensão.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Até ao fim

Vítor Baía não volta a sair do FCP. E mais: a renovação do contrato, para lá de junho de 2007, é quase um ponto assente.

Fracções de segundo

The Sporting Life - O Sporting tem menos 5 pontos do que o Porto, menos 10 (!) golos marcados, mais um golo sofrido. Mais uma derrota, mais um empate. Tudo isto em catorze jogos de consumo interno. E ao contrário do que se diz, o Porto tem um onze mais jovem.
O Sporting tem dois jogos francamente maus. Em Alvalade, com o Benfica e Lokomotiv. Mais uns quantos jogos sofríveis com vitóras por um golo. Tem um roubo igreja com o Paços de Ferreira. Tem défice de talento no plantel. Défice de agressividade no ataque à bola e no ataque à baliza adversária. Fica por explicar a estranha colocação de Miguel Veloso no banco de suplentes. Ei-lo regressado ao onze, eis a mudança, de novo, para dias mais felizes na equipa.
A propósito do eventual regresso de Rochemback: é um talento puro, uma força da natureza. Mexe com o meio campo, agita a equipa. Mas convém não esquecer: é rapaz para mandar o treinador tomar onde mandou o Peseiro tomar. O Sporting pode, e deve, prescindir da indisciplina.
Adiante: Alecsandro, Romagnoli, Farnerud são candidatos à permanência nos países de origem após as férias de natal. Bueno deixa-me interrogado. Carlos Martins também.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Malditos computadores

Malditos computadores ou talvez não. Assim como assim, o uso exagerado sempre provoca saudade de escrever letras. No papel.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Quaresma update

"A Quaresma é um período em que a Igreja Católica, a Igreja Anglicana e algumas protestantes relembram o período entra morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Durante este período os seus fiéis são "convidados" a um período de penitência e meditação, através da prática do jejum, da esmola e da oração. A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina na tarde da Quinta-feira Santa, antes da Celebração da Santa Ceia,quando foi instituida a Eucaristia e o sacerdócio".
Quaresma é também o melhor jogador da Liga portuguesa de futebol. Ao longo dos últimos dois anos e meio foi sempre o homem com mais assistências e o segundo melhor marcador do FC do Porto. Esta época está a manter a média e a merecer FINALMENTE o devido destaque.
PS: Quaresma é também a maior injustiça nas convocatórias da selecção portuguesa desde 2002. Não foi ao mundial porque, diz António Boronha, António Oliveira se terá enganado e fornecido uma lista de 24 atletas, mais um do que o permitido por lei. Num remendo efectuado à pressa Quaresma ficou de fora. E tem ficado sistematicamente. Euro 2004, MunDial 2006. Incompreensível.

13 semanas

Nada de novo ao fim de todo este tempo de competição.
O FC do Porto é mais em tudo, sem surpresa. Abençoado pela auto-demissão de Co Adriaanse, viu terminar o nariz torcido dos adeptos e a ligação difícil entre o balneário e os escritórios da SAD. Ganhou desportiva, mas acima de tudo, financeiramente. 9 milhões de euros em caixa pelo apuramento para as eliminatórias da Liga dos Campeões. Mais um milhão. O bónus (prémio) distribuído em função dos óptimos resultados da prova na gestão da época anterior. Jesualdo Ferreira pegou de estaca e nem mesmo o solavanco interno na jornada 3 (derrota em Braga) e a tremideira das duas rondas iniciais da Champions chegaram para desanimar as animadíssimas tropas (o plantel estava contente coma "fuga" do holandês). Como disse, o FC porto é mais em tudo: mais pontos, mais vitórias, mais golos marcados, melhor defesa. E tudo isto sem Anderson nem Pedro Emanuel.
Viro a página para o Sporting. Segundo lugar na Liga. Normal. Justificava mais um ou três pontos, perdidos na arbitragem no jogo de Alvalade com o Paços de Ferreira. Irregular na Europa. Fora da Europa. Verdade e consequência de um plantel sem reforços. "Apenas" engordado com os talentos da Academia. Todas as contratações são, até ao momento, um tiro ao lado. O Sporting ainda dá luta ao FC Porto na Primeira Liga. Ainda. Porque o atraso de 5 pontos significa a proibição de voltar a derrapar antes do FC Porto. A acontecer, o dragão foge para uma distância que anda muito perto do inalcançável.
Benfica. Jogo sim jogo não, ou quase jogo sim jogo não sofre 3 golos. Assim fica tudo dito. Plantel pobre, treinador entristecido, futebol pálido. E Rui Costa... como foi possível criar um problema com tamanha dimensão e prejuízo desportivo! A vitória em Alvalade apenas terá adiado o inevitável. O invitável é a aceitação de mais uma época perdida. Acrescente-se a instabilidade directiva. Veiga já foi, Vieira é arguido no processo Mantorras. Esteve na transferência primeiro como vendedor e depois como comprador.

Em trânsito de influências

O futebol português segue caminho pela via normal. Agora à boleia do presidente da Académica. José Eduardo Simões foi formalmente acusado de crimes de corrupção e tráfico de influências. O processo foi instaurado pelo Departamento de Investigação e Acção penal de Coimbra. Não tarda nada e vai ser possível contar, pelos dedos de uma mão, homens e clubes com a ficha limpa.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Pausa

Estar ausente tem não raras vezes o seu quê de positivo. Faz sentir falta.

sexta-feira, novembro 17, 2006

A vida é ela.

Ou bela. Das duas uma. As duas uma.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Para mim, o melhor golo do mundo

Bergkamp

O canto da sereia

Este post apanha boleia do fantástico trabalho de casa realizado pelo autor do blogue Castigo Máximo, devidamente linkado na respectiva ala. É uma sucessão de 58 passes, muito bem documentada no blogue, concluída com mestria por Marc Overmars. Em Anfield Road, o pequeno extremo holandês, correu e rematou para o 1 - 3 depois de quase 3 minutos de posse de bola: o factor mais determinante do futebol. Este video é sugerido num dos comentários do blogue Castigo Máximo. É o exemplo perfeito do... canto da sereia.

domingo, novembro 12, 2006

Congressos

Coisa(s) para a reformatação de robots

sexta-feira, novembro 10, 2006

Referendo

Existe, nos meios de comunicação social portugueses, uma Scolaridade obrigatória?

quinta-feira, novembro 09, 2006

Ouvido na Rádio - 2

Durante uma inspecção numa Feira Gastronómica, foram encontrados e apreendidos diversos produtos avariados.

Ouvido na Rádio - 1

"O Sporting mereceu ganhar em Bayern"

Histórias de balneário - 1

A história acontece no princípio dos anos 80, na época a seguir à conquista da primeira Bota de Ouro. Pedroto é o treinador do Fc do Porto e a equipa chega ao intervalo de um jogo do campeonato a perder por um a zero. O treinador conhecido por Zé do Boné mal entra no balneário ao fim dos primeiros 45 minutos descarrega toda a ira do resultado negativo no camisola 9 do FCP. "Bota de Ouro? Qual Bota de Ouro? Tu!! Nem atilhos, quanto mais Bota! Vai tomar banho que vais sair!".
O raspanete deixa o grupo todo em silêncio. Pedroto regressa um pouco antes do início da segunda parte. Para dizer apenas isto: "Gomes, volta a equipar-te que vais jogar". Diz quem viveu o momento que ao fim de apenas cinco minutos o Porto já estava a ganhar por 2-1. Para Fernando Gomes, porventura sem culpa de nada, aquele foi um banho de humildade. Foi "o" exemplo para todo o grupo.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Um "número" de azar

«Ex-namorada devassa intimidade de goleiro holandês. Segunda, 23 de outubro de 2006, 16h22.
Arnild Van de Velde, da Holanda
Um filme caseiro, do tipo com que casais costumam documentar sua vida sexual, tornou-se o assunto mais comentado da Holanda, nos últimos dias. Na gravação de 16 segundos, o goleiro do time de primeira divisão ADO Den Haag(Haia), Stefan Postma, 30 anos, aparece na cama com uma ex-namorada, em situação na qual a mulher, vestindo um strap (uma cinta com pênis deborracha), penetra Postma, quem durante a cena olha-se num espelho.Embora já estivesse disponível na internet desde a quarta-feira passada, o podcast ganhou popularidade apenas no fim de semana e foi o assunto maiscomentado em bares e lares holandeses, de sexta a domingo. Naqueles dias, onúmero de acessos ao site Geenstijl(http://dump.geenstijl.nl/mediabase/5169/46a192c4/index.html), exibidor do filme, superou os 400 mil - quatro vezes mais do que o normal, segundo aporta-voz da página, Dominique Weesie. Na chamada da capa, o assunto ganhou um título tão sugestivo quanto malicioso: "Postma deixa-se escancarar", numaalusão ao goleiro que, de tanto abrir as pernas, facilita a entrada o gol -o popular 'frangueiro'. Na interna, um golpe de misericórdia: "Stefan, dê uma inclinadinha". Stefan Postma e a então namorada(nacionalidade e identidade não divulgadas)relacionaram-se por algum tempo, durante a passagem dele pela Inglaterra, onde jogou no Aston Villa e no Wolverhampton Wanderers, de Londres e Wolverhampton, respectivamente. Gravado nesta época, o filme vinha tirando apaz do goleiro há pelo menos três anos, quando virou objeto de chantagem. Apedido de Postma, um jornal britânico concordou em não publicar nada sobre o assunto, apesar de ter recebido uma oferta para tanto. Na época, Potsma,que havia pago pelo DVD, imaginava ter livrado-se de um escândalo. Seu sossego, porém, acabou na última sexta-feira, quando uma suposta cópia do filme passou a ser veiculada na internet. Stefan Potsma está afastado dos campos desde que quebrou a perna há um mês,em jogo contra o PSV, time onde jogam o atual goleiro da seleção brasileira,Gomes, o zagueiro Alex e o atacante Diego Tardelli, autor de um dos dois gols que deram a vitória ao PSV, naquela partida. O escândalo, apesar de nãodeixá-lo temeroso quanto a volta aos estádios, faz com que sinta enormevergonha diante dos pais, confessou o jogador a seu antigo empresário, Piet Buter. Ontem, Buter anunciou que se a situação ficar insustentável, Postma deverá transferir-se para o exterior, "para evitar mais humilhações", disse.Caso fique comprovado seu envolvimento na exibição pública do filme, a ex-namorada do goleiro poderá ir para a cadeia, por reincidência. Ainda naInglaterra, a moça recebeu uma advertência no caso, que ainda vale por meio ano»

terça-feira, novembro 07, 2006

O estádio da memória - 3













La Rosaleda, Málaga

O Boavista faz história na Europa e vem aqui discutir a primeira mão dos quartos de final da Taça Uefa. Há-de perder o jogo por um a zero, um resultado aflito nos encontros fora de portas, mas o momento mais marcante da visita acontece na véspera. Durante a conferência de imprensa de Jaime Pacheco e minutos antes, quando Litos entra apressado no autocarro do Málaga, logo após o treino dos espanhóis.
Vou por ordem cronológica dos acontecimentos e começo a contar a história a meio da conversa com o ex-capitão do Boavista. O discurso é de frases feitas e lugares comuns, sem no entanto evitar um nó na ganganta quando diz pela primeira vez em público que deseja vencer o antigo clube. Os jornalistas espanhóis aproveitam logo a boleia deste momento extra por cortesia para a imprensa portuguesa. Litos começa com peró para aqui, peró ali e nós vamos para dentro. O Pacheco está a chegar.
A conferência em português não foge nada do esquema habitual, com o mister a usar e abusar "de uma forma ou de uma maneira". Depois chega a vez das perguntas dos jornalistas espanhóis. Pacheco dispensa a tradutora e responde num português com i enfiado em quase todas as palavras. Dizem-lhe os espanhóis que o Málaga é mais forte porque tem jogadores de maior nomeada. Pacheco fecha o discurso de forma breve: " yó tambiém tiengo gusto. Nó tiengo é dinéro". E mais nada.
PS: O Boavista eliminou o Málaga no jogo de volta. Ricardo marcou de penalty pela primeira vez.

4 da girls

Steve McQueen morreu há 26 anos


A alegria da semana


segunda-feira, novembro 06, 2006

Foto da mão direita de Ronny


Lições básicas de futebol 3

Nenhum jogo tem 90 minutos. Nenhum.

Nome próprio

ANTÓNIO, nem Santo, nem Nobre. Nem Feio, ou Padre. Antes homem de Variações.

quinta-feira, outubro 26, 2006

O estádio da memória - 2









San Siro, Milano

Porta chiusa. Porta fechada. O jogo é mais um da fase de grupos da liga dos campeões. O estádio tem quase 83 mil cadeiras e não tem povo. Há bandeiras azuis e pretas. A do centro é a maior e diz TI AMO em branco garrafal. Deve estar a fazer, ou deve ter acabado de fazer um ano. Há apenas duas centenas de convivas VIP na bancada. Italianos e portugueses. O silêncio de um estádio vazio permite que se ouça quase tudo. Figo leva com o vernáculo dos compatriotas durante o jogo inteiro. Gente fina é outra coisa.
Do futebol, recordo o fim da monotonia. Queimada pelo fogo do golo do ano. Hugo Almeida, do meio da rua, com a bola parada, livre de preconceitos. O Inter empatou mais tarde. Quando o treinador que agora deve dinheiro ao clube recuou nas substituições até não poder mais. Saiu pela porta pequena. Uma metáfora do futuro.

domingo, outubro 22, 2006

2 Erros,

2 golos, 2 treinadores receosos, 2 equipas no primeiro lugar do campeonato (para já), 2 golos falhados por Liedson, 2 pontos perdidos para o Sporting. 2 ausências (Anderson e Nani), 2 presidentes lado a lado e PC ao lado do Bastonário da Ordem dos Advogados. 2 empatas, 2 pontos vezes 2 para o Benfica.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Coisas que não se aprendem em 32 anos

#1 - Amor

No inverno as camisolas eram todas feitas em casa. Todas. As minhas e as do meu irmão. Na altura eramos só dois filhos. Sorte a da minha mãe. Agulha com agulha, novelo após novelo, conversa atrás de conversa. Dela. Com a Lina, a Ana Maria e a Lúzia. A manga esquerda podia ser tricotada durante parte do terço ou das histórias da catequese. Aliás, a camisola inteira podia ser tricotada assim. O tema não variava muito.
A escola já não era primária. Tinha acabado de ser antes do verão. Estar em casa era a forma de ver mais do mundo. Com a televisão e o ZX Spectrum. E a aprender inglês precocemente nos anos anteriores com o Follow Me, um programa que me fazia ficar sentado, quieto, atento, silenciado. Love, se não foi é capaz de ter sido, a primeira palavra escutada nessa espécie de versão primária do BabelFish.
Já sabia traduzir amor para outra língua, sem nunca ter dado um beijo. Continuava sem saber o significado da palavra. Estava longe de ser caso único. Como fui percebendo, todos os domingos, ou sábados, durante semanas e meses a fio. Por causa deste vídeo aqui em cima. Há coisas que o tempo não muda, não apaga, está destinado a ser assim. E neste particular, com o peso dos anos em cima, com a experiência, com a união ou a ruptura, mantenho a mesma ignorância. A mesma inocência, a mesma vontade de ver pela primeira vez, de caminhar lado a lado até ao fim e recomeçar tudo de novo.
PS: a música é do tempo do duplo leitor de cassetes do meu tio. Voltei a ela através do novo disco do Júlio Iglésias.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Coisa de há 20 anos

A graça do Porto teima em coincidir com a desgraça do Benfica.



quarta-feira, outubro 11, 2006

Da Rússia com (muito) amor














Uma asneira russa atrás da outra e Portugal está no campeonato da Europa de Esperanças. Primeiro foi a forma como a equipa se posicionou em campo: quase toda a defender à entrada, ou dentro, da área. Depois aquele penalty por mão na bola de um defesa que não está a ser pressionado por ninguém à saída da pequena área depois de uma valente fífia do guarda-redes. Pelo meio um escandaloso vermelho, que se fosse exibido a um jogador português, seria tema para inflação nervosa durante as próximas semanas.
Para terminar em beleza, os russos carimbaram o nosso passaporte com um auto-golo. Mais fácil era impossível.

domingo, outubro 08, 2006

Adeus antes do adeus















Muita gente não aprecia Michael Schumacher. Eu aprecio. Hoje a raiva dele deve ser vermelho Ferrari. Desistiu a 16 volta do fim do Grande Prémio do Japão, quando liderava a corrida, com cinco segundos de avanço para Fernando Alonso. Porque o motor do carro partiu. É dramático entregar um mundial desta forma. Falta um corrida. Nada está perdido. Apenas quase tudo.

Revista de Blogues*

* espreitar o que dizem os links (actualizados) desta página

À cabeça, o presidente da Liga de Clubes de Futebol Profissional, Hermíno Loureiro, destaca a eficácia da selecção portuguesa no jogo com o Azerbeijão. Salienta a cautela de Scolari no discurso e o fulgor das exibições de Ronaldo e Ricardo Carvalho. Ainda no mundo da bola, ainda sobre o mesmo jogo, o meu companheiro jornalista, Eugénio Quirós do Record, compara os países e peso acentudo do português com sotaque (leia-se Brasil), nas duas selecções. A outro homem do futebol, António Boronha, agradeço a fabulosa fotografia de Scarlett Johanson e Dita Von Teese. Foi a mais bela das formas de começar a manhã de um Domingo. Bem melhor do que ir à missa. Folgo muito em saber que o meu amigo Bruno Carriço está na fase da tranquilidade, como bem se vê no seu Fragmagens. O muito singular Francisco Carvalho continua às voltas e perder o sono com a Bettina Rheims. A Sílvia solta a capoeira. Em Elsinore há coisas para ler ao Domingo. O António Esteves mantém a viagem à Grécia.
Eu continuo aqui. Hoje fazem-me falta os amigos.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Contra o feiticeiro

Lembras-te rapazinho, do dia em que simulaste que o Hugo Viana te tinha agredido? Lembras-te do vermelho directo, sem dó nem piedade, exibido a quem nada tinha feito de errado e por causa disso a derrota da equipa que estava a dar um banho de bola? E lembras concerteza a simulação inenarrável, do teatro pé descalço, o mesmo tipo de teatro que um dia levou o Rafael do Guimarães a acertar-te em cheio com um murro no nariz por teres levantado o dedo do meio aos adeptos do Vitória enquanto fazias o aquecimento num jogo disputado na luz?
Hoje mordeste a língua e engoliste o teu próprio veneno. Foi o feitiço contra o feiticeiro. Com o teu mal individual posso eu bem. Não aceito é a desgraça colectiva que aconteceu por tua causa em Moscovo. E há outra coisa que também não encaro da melhor forma. Porque carga de água o seleccionador de sub-21 se lembrou de ti para vestir a nossa camisola. Tu que não jogas há meio ano. Logo tu, esse grande intérprete do futebol fraquinho.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Excepção


Quanto mais olho para a cara deste homem mais me convenço de que: ele é a excepção que confirma a regra.

Futebol português invejado lá fora


Mentir à descarada

Quarta-feira, 4 de Outubro, 20 horas - Os três canais nacionais estão em directo de Setúbal. Por causa de um sequestro numa dependência bancária. Um homem fez 4 reféns. Todo o país sabe desta notícia desde as 14 horas: na tv, na net, na rádio. Já passaram 6 horas. O rodapé da TVI diz que esta é uma notícia de última hora. E pior: em cima está uma frase a dizer exclusivo. Quando os três canais estão a mostrar o mesmo assunto em directo, ao mesmo tempo.

terça-feira, outubro 03, 2006

Duas vezes



Já lá vamos ao que quer dizer o título. Não quer dizer apenas uma coisa. Não quer dizer apenas duas. Quer dizer essencialmente isto: Jesualdo não perdoa e castiga quando o erro penaliza a equipa. E castiga em tempo real. São dois momentos que podem ter passado em claro ao comum dos adeptos, mas que não escaparam ao treinador do FC Porto. No primeiro golo do Braga, Paulo Assunção perde a bola para Hugo Leal. Hugo inicia a jogada que há-de passar por Wender, em direcção a Marcel, só parando no fundo da baliza de Helton. Pouco tempo depois, Paulo Assunção é substituído. No segundo golo do Braga, Ricardo Quaresma perde a bola para Luís Filipe. Luís Filipe avança perante o recuo de toda a defesa portista. Jesualdo não pode substituir Raúl Meireles, Ezequias, Bruno ALves e Helton de uma assentada. Tira Quaresma, o primeiro causador do golo da derrota, ao fim de uns minutos. O título deste post, Duas vezes, relembra também o número de derrotas consecutivas de um Porto que tinha embalado 12 pontos e 4 vitórias consecutivas em jogos com grau de dificuldade zero.

Olha quem fala












O treinador na União de Leira perde bem em Alvalade, como ele próprio reconhece, mas queixa-se do trabalho da equipa de arbitragem. Fala de uma forma "habilidosa" de apitar. E diz isto de um encontro sem casos ou decisões erradas com peso no resultado.
Habilidosa foi a arbitragem do U.Leira/Beira-Mar ou então, ainda na jornada anterior, no U.Leiria/Marítimo. Duas vitórias caseiras com peso excessivo dos árbitros. Na primeira recordo o penalty mal assinalado contra o Beira-Mar: um lance que ainda provocou [mais uma vez mal] a expulsão do guarda-redes de Aveiro. Frente ao Marítimo um golo demasiado limpo para poder se anulado aos insulares. E ainda o golo da vitória do Leiria: marcado por um jogador a quem, minutos antes, tinha sido perdoada a expulsão.
Com o devido respeito: às vezes é preciso ter lata.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Todos os golos são de cabeça 2

9 segundos. Nove segundos. Não dá tempo para nada, diz-se. Não é tempo para nada, sublinha-se. Mas em 9 segundos, um homem pode ser homem como nunca antes tinha tido e como nunca mais viria a ser. Foi assim, num verão, há 20 anos. Aconteceu num campo de futebol, em frente a milhares de testemunhas, quando o mundo inteiro espreitava. Foi o mais mediático dos golos de cabeça. Ao longo de pouca mais de cinquenta metros, com cinco homens pela frente. Entrou com o pés esquerdo no lance. Foi instinto. Coisa de uma vez só. Maradona nasceu ali. Tinha pouco mais de 20 anos.

Todos os golos são de cabeça

Menos este. Este foi com a mão. Este é a excepção que confirma a regra. É um golo cruel. Acontece num dia em que um homem se eleva à condição de mito, mas de mão dada com a mentira.

Lições básicas de futebol - 2

No fim, entre o deve e o haver, o campeão nacional não é sempre a melhor equipa

quinta-feira, setembro 28, 2006

O estádio da memória - 1











Celtic Park, Glasgow

Estamos numa meia-final inédita, histórica, da taça UEFA. O Boavista joga com o Celtic em Glasgow e cerca de duas horas mais tarde, o FC do Porto recebe a Lázio nas Antas.
Celtic Park nem é o nome própro do estádio, é uma alcunha que vem do tempo do campo antigo.
Estamos em Abril. A meio de Abril, em 2003, ao final da tarde na véspera do jogo. Sigo num táxi preto, destes novos, que agora são produzidos em série como os antigos. Por fora são à moda antiga, por dentro também, mas nas entranhas tudo é novo: o motor, a bateria, os depósitos de água, os cabos. Esta primeira visita é de reconhecimento, para saber onde fica o campo, a que distância fica, a quanto tempo fica do nosso moderníssimo hotel, o Radisson, acabadinho de inaugurar em Glasgow. Dou uma volta ao recinto, informo-me da entrada para a imprensa, do local onde se levantam as credenciais. Atravesso a imensa praça e dou um salto à loja do clube. A esta hora, ao final da tarde, já está fechada. A esta hora, neste lugar, deslocado 10 quilómetros, 5 minutos, do centro da cidade, não existe mais nada. Espero trinta minutos por um táxi que nunca há-de chegar para me levar de volta. Desito e vou a pé outros trinta minutos. Páro num posto de polícia. Explico a situação, chamam-me um táxi, espero mais cinco minutos, vou embora.
Estou agora no dia do jogo. Recordo o dia de ontem para dizer uma coisa que ainda não contei. Tem a ver com uma tradição muito, mas mesmo muito escocesa: as apostas. Eles apostam por tudo e por nada. Num jogo de futebol, em qualquer desporto, na próxima cidade do mundo onde vai cair um avião, nos dias que faltam até cair o governo de um qualquer país.
Quando acabo de pensar nisto tudo, já me encontro no interior do Celtic Park. Estou eu e estão mais sessenta mil pessoas nas bancadas. O que acontece a seguir é indescritível. A linhas que se seguem servem apenas para imaginar. Um homem com mais de 70 anos entra no relvado. Caminha de vagar, à velocidade das duas pernas amparadas por uma muleta. Entregam-lhe o microfone. O estádio grita histérico e logo fica em silêncio. Entra uma voz poderosa do fundo da alma. É do velho que mal caminha. Canta as primeiras letras do You´ll Never Walk Alone. Mais sessenta mil vozes vão atrás. É o momento mais intenso que vivo num estádio de futebol.
O Boavista empatou a um. Benificiou de um auto-golo e do facto de Henrik Larsson ter falhado um penalty. Duas semanas mais tarde o mesmo Larsson marcou no Bessa o golo que levou o Celtic à final. Nesse dia recordei estes dois momentos a Martin O´Neill, treinador do Celtic. Ele olhou para mim e antes de se levantar disse apenas isto: "it´s a strange old game, isn´t it?".
O resto é público: no final da época desportiva, Celtic encontrou o Fc do Porto em Sevilha. A Taça UEFA lá veio parar a esta cidade.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Lições Básicas de Futebol - 1

Começa sempre num apito. Acaba sempre com dois.