segunda-feira, janeiro 15, 2007

A memória curta

Uma dia de dor, domingo, 14 de Janeiro de 2007, ao final da noite. Salazar está nos dez mais votados da lista dos Grandes Portugueses. Neste país a memória é tão curta como o horizonte. Ou então este remember Salazar é mais um sintoma - grave - de uma democracia enferma.

Uma noite na noite

Ele tem o cabelo comprido despenteado a tapar as sobrancelhas. A fama de beber desde os treze anos é sinal de proveito até hoje. Desde a mesma idade, o outro cultiva canabis em casa e a mãe durante um par de anos viu ali um filho precoce. O terceiro faz 22 anos - estão ali por causa disso - é mais velho do que os dois anteriores e acordou um pouco tarde para as coisas da vida. Aos três junta-se um rookie da noite. Sem idade para conduzir, com uma adolescência mais protegida pelos pais, vai há discoteca duas ou três vezes por ano e não vai há muito tempo.
Estão apresentados os ingredientes. Juntos vão cozinhar uma saída igual a muitas saídas. Um episódio da vida deles e por mais que tente evitar não consigo deixar de pensar que este dia, um dia já foi meu na década de 90.
Ficam três horas na discoteca. São conhecidos da casa e assim entram com cartão sem consumo obrigatório. O mais novo não bebe uma gota. Os outros bebem por ele, por mim e por ti. Ainda bebem como se não houvesse amanhã. Perto do bar, para não se perderem da rota que os levou ali, riem muito, saltam, vivem. E um sobrevive. Num dos encontrões em grupo caem dois cartões ao chão. É importante salientar o facto de os cartões de consumo serem tipo multibanco, em plástico e com banda magnética. À saída, o mais novo é último. Espera porque sabe que não bebeu, que não vai ter de pagar, que é só apresentar o cartão e receber o talão válido para passar a porta.
A conta é tudo menos em branco, é o dobro da mesada. São 120 euros. Ele fica e vai ter de explicar porque não tem dinheiro. Ainda diz "ai o filho da puta!", mas não diz mais nada enquanto começa a pensar numa forma de explicar ao pai, ao telefone, o porquê do telefonema aquela hora da noite, e pior: o porquê da conta. Os outros foram embora a pensar que ele ia ficar. Todos menos o do cabelo despenteado. Deixam-no à porta de casa, onde mais uma vez ele não vai dormir. Desce a pé até largo da igreja, deita-se no mesmo banco das outras manhãs todas, adormece outra vez a imaginar a melhor forma de roubar o sino e parece-lhe ver a cruz do amigo mais novo com os pais à porta da discoteca. Adormece com um sorriso.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Sobretudo no Inverno

O futebol tem tendência para ser um desporto demasiado Atlético.

sábado, janeiro 06, 2007

My Old Blogging

Pasmo. Um pasmar de arregalar os olhos. Os portugueses escrevem com nunca. Ao jeito de cada um e assemelhando-se, alguns. Escrevem muito, todos. Comunicar mais é falar menos. Isso assusta.