quinta-feira, outubro 26, 2006

O estádio da memória - 2









San Siro, Milano

Porta chiusa. Porta fechada. O jogo é mais um da fase de grupos da liga dos campeões. O estádio tem quase 83 mil cadeiras e não tem povo. Há bandeiras azuis e pretas. A do centro é a maior e diz TI AMO em branco garrafal. Deve estar a fazer, ou deve ter acabado de fazer um ano. Há apenas duas centenas de convivas VIP na bancada. Italianos e portugueses. O silêncio de um estádio vazio permite que se ouça quase tudo. Figo leva com o vernáculo dos compatriotas durante o jogo inteiro. Gente fina é outra coisa.
Do futebol, recordo o fim da monotonia. Queimada pelo fogo do golo do ano. Hugo Almeida, do meio da rua, com a bola parada, livre de preconceitos. O Inter empatou mais tarde. Quando o treinador que agora deve dinheiro ao clube recuou nas substituições até não poder mais. Saiu pela porta pequena. Uma metáfora do futuro.

domingo, outubro 22, 2006

2 Erros,

2 golos, 2 treinadores receosos, 2 equipas no primeiro lugar do campeonato (para já), 2 golos falhados por Liedson, 2 pontos perdidos para o Sporting. 2 ausências (Anderson e Nani), 2 presidentes lado a lado e PC ao lado do Bastonário da Ordem dos Advogados. 2 empatas, 2 pontos vezes 2 para o Benfica.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Coisas que não se aprendem em 32 anos

#1 - Amor

No inverno as camisolas eram todas feitas em casa. Todas. As minhas e as do meu irmão. Na altura eramos só dois filhos. Sorte a da minha mãe. Agulha com agulha, novelo após novelo, conversa atrás de conversa. Dela. Com a Lina, a Ana Maria e a Lúzia. A manga esquerda podia ser tricotada durante parte do terço ou das histórias da catequese. Aliás, a camisola inteira podia ser tricotada assim. O tema não variava muito.
A escola já não era primária. Tinha acabado de ser antes do verão. Estar em casa era a forma de ver mais do mundo. Com a televisão e o ZX Spectrum. E a aprender inglês precocemente nos anos anteriores com o Follow Me, um programa que me fazia ficar sentado, quieto, atento, silenciado. Love, se não foi é capaz de ter sido, a primeira palavra escutada nessa espécie de versão primária do BabelFish.
Já sabia traduzir amor para outra língua, sem nunca ter dado um beijo. Continuava sem saber o significado da palavra. Estava longe de ser caso único. Como fui percebendo, todos os domingos, ou sábados, durante semanas e meses a fio. Por causa deste vídeo aqui em cima. Há coisas que o tempo não muda, não apaga, está destinado a ser assim. E neste particular, com o peso dos anos em cima, com a experiência, com a união ou a ruptura, mantenho a mesma ignorância. A mesma inocência, a mesma vontade de ver pela primeira vez, de caminhar lado a lado até ao fim e recomeçar tudo de novo.
PS: a música é do tempo do duplo leitor de cassetes do meu tio. Voltei a ela através do novo disco do Júlio Iglésias.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Coisa de há 20 anos

A graça do Porto teima em coincidir com a desgraça do Benfica.



quarta-feira, outubro 11, 2006

Da Rússia com (muito) amor














Uma asneira russa atrás da outra e Portugal está no campeonato da Europa de Esperanças. Primeiro foi a forma como a equipa se posicionou em campo: quase toda a defender à entrada, ou dentro, da área. Depois aquele penalty por mão na bola de um defesa que não está a ser pressionado por ninguém à saída da pequena área depois de uma valente fífia do guarda-redes. Pelo meio um escandaloso vermelho, que se fosse exibido a um jogador português, seria tema para inflação nervosa durante as próximas semanas.
Para terminar em beleza, os russos carimbaram o nosso passaporte com um auto-golo. Mais fácil era impossível.

domingo, outubro 08, 2006

Adeus antes do adeus















Muita gente não aprecia Michael Schumacher. Eu aprecio. Hoje a raiva dele deve ser vermelho Ferrari. Desistiu a 16 volta do fim do Grande Prémio do Japão, quando liderava a corrida, com cinco segundos de avanço para Fernando Alonso. Porque o motor do carro partiu. É dramático entregar um mundial desta forma. Falta um corrida. Nada está perdido. Apenas quase tudo.

Revista de Blogues*

* espreitar o que dizem os links (actualizados) desta página

À cabeça, o presidente da Liga de Clubes de Futebol Profissional, Hermíno Loureiro, destaca a eficácia da selecção portuguesa no jogo com o Azerbeijão. Salienta a cautela de Scolari no discurso e o fulgor das exibições de Ronaldo e Ricardo Carvalho. Ainda no mundo da bola, ainda sobre o mesmo jogo, o meu companheiro jornalista, Eugénio Quirós do Record, compara os países e peso acentudo do português com sotaque (leia-se Brasil), nas duas selecções. A outro homem do futebol, António Boronha, agradeço a fabulosa fotografia de Scarlett Johanson e Dita Von Teese. Foi a mais bela das formas de começar a manhã de um Domingo. Bem melhor do que ir à missa. Folgo muito em saber que o meu amigo Bruno Carriço está na fase da tranquilidade, como bem se vê no seu Fragmagens. O muito singular Francisco Carvalho continua às voltas e perder o sono com a Bettina Rheims. A Sílvia solta a capoeira. Em Elsinore há coisas para ler ao Domingo. O António Esteves mantém a viagem à Grécia.
Eu continuo aqui. Hoje fazem-me falta os amigos.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Contra o feiticeiro

Lembras-te rapazinho, do dia em que simulaste que o Hugo Viana te tinha agredido? Lembras-te do vermelho directo, sem dó nem piedade, exibido a quem nada tinha feito de errado e por causa disso a derrota da equipa que estava a dar um banho de bola? E lembras concerteza a simulação inenarrável, do teatro pé descalço, o mesmo tipo de teatro que um dia levou o Rafael do Guimarães a acertar-te em cheio com um murro no nariz por teres levantado o dedo do meio aos adeptos do Vitória enquanto fazias o aquecimento num jogo disputado na luz?
Hoje mordeste a língua e engoliste o teu próprio veneno. Foi o feitiço contra o feiticeiro. Com o teu mal individual posso eu bem. Não aceito é a desgraça colectiva que aconteceu por tua causa em Moscovo. E há outra coisa que também não encaro da melhor forma. Porque carga de água o seleccionador de sub-21 se lembrou de ti para vestir a nossa camisola. Tu que não jogas há meio ano. Logo tu, esse grande intérprete do futebol fraquinho.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Excepção


Quanto mais olho para a cara deste homem mais me convenço de que: ele é a excepção que confirma a regra.

Futebol português invejado lá fora


Mentir à descarada

Quarta-feira, 4 de Outubro, 20 horas - Os três canais nacionais estão em directo de Setúbal. Por causa de um sequestro numa dependência bancária. Um homem fez 4 reféns. Todo o país sabe desta notícia desde as 14 horas: na tv, na net, na rádio. Já passaram 6 horas. O rodapé da TVI diz que esta é uma notícia de última hora. E pior: em cima está uma frase a dizer exclusivo. Quando os três canais estão a mostrar o mesmo assunto em directo, ao mesmo tempo.

terça-feira, outubro 03, 2006

Duas vezes



Já lá vamos ao que quer dizer o título. Não quer dizer apenas uma coisa. Não quer dizer apenas duas. Quer dizer essencialmente isto: Jesualdo não perdoa e castiga quando o erro penaliza a equipa. E castiga em tempo real. São dois momentos que podem ter passado em claro ao comum dos adeptos, mas que não escaparam ao treinador do FC Porto. No primeiro golo do Braga, Paulo Assunção perde a bola para Hugo Leal. Hugo inicia a jogada que há-de passar por Wender, em direcção a Marcel, só parando no fundo da baliza de Helton. Pouco tempo depois, Paulo Assunção é substituído. No segundo golo do Braga, Ricardo Quaresma perde a bola para Luís Filipe. Luís Filipe avança perante o recuo de toda a defesa portista. Jesualdo não pode substituir Raúl Meireles, Ezequias, Bruno ALves e Helton de uma assentada. Tira Quaresma, o primeiro causador do golo da derrota, ao fim de uns minutos. O título deste post, Duas vezes, relembra também o número de derrotas consecutivas de um Porto que tinha embalado 12 pontos e 4 vitórias consecutivas em jogos com grau de dificuldade zero.

Olha quem fala












O treinador na União de Leira perde bem em Alvalade, como ele próprio reconhece, mas queixa-se do trabalho da equipa de arbitragem. Fala de uma forma "habilidosa" de apitar. E diz isto de um encontro sem casos ou decisões erradas com peso no resultado.
Habilidosa foi a arbitragem do U.Leira/Beira-Mar ou então, ainda na jornada anterior, no U.Leiria/Marítimo. Duas vitórias caseiras com peso excessivo dos árbitros. Na primeira recordo o penalty mal assinalado contra o Beira-Mar: um lance que ainda provocou [mais uma vez mal] a expulsão do guarda-redes de Aveiro. Frente ao Marítimo um golo demasiado limpo para poder se anulado aos insulares. E ainda o golo da vitória do Leiria: marcado por um jogador a quem, minutos antes, tinha sido perdoada a expulsão.
Com o devido respeito: às vezes é preciso ter lata.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Todos os golos são de cabeça 2

9 segundos. Nove segundos. Não dá tempo para nada, diz-se. Não é tempo para nada, sublinha-se. Mas em 9 segundos, um homem pode ser homem como nunca antes tinha tido e como nunca mais viria a ser. Foi assim, num verão, há 20 anos. Aconteceu num campo de futebol, em frente a milhares de testemunhas, quando o mundo inteiro espreitava. Foi o mais mediático dos golos de cabeça. Ao longo de pouca mais de cinquenta metros, com cinco homens pela frente. Entrou com o pés esquerdo no lance. Foi instinto. Coisa de uma vez só. Maradona nasceu ali. Tinha pouco mais de 20 anos.

Todos os golos são de cabeça

Menos este. Este foi com a mão. Este é a excepção que confirma a regra. É um golo cruel. Acontece num dia em que um homem se eleva à condição de mito, mas de mão dada com a mentira.

Lições básicas de futebol - 2

No fim, entre o deve e o haver, o campeão nacional não é sempre a melhor equipa